sexta-feira, 5 de outubro de 2007

GRANDE ENTREVISTA DE CAVACO SILVA A KATIA REBARBADO D'ABREU - "Cultura e Possidonismo"

K.R.A. -- Passando por alto o célebre agradecimento, ao autor, do Secretário de Estado da Cultura, Santana Lopes, pelo envio das “Obras Completas” de Machado de Assis, morto, em 1908…, disse-me o Professor que a Drª. Maria Cavaco Silva se identificava bastante com Jacqueline Bouvier Kennedy…

C.S. -- É verdade…, mas…, por favor…, não lhe diga que lhe revelei isso aqui... aliás, eu tenho a minha própria visão do assunto…, eu sei que…, em quaisquer circunstâncias…, a minha esposa será sempre, para mim…, uma mais valia…, e que irá exercer, ao longo dos meus dois mandatos, uma verdadeira magistratura de influência, sobretudo do lado do bom gosto. Vou-lhe mesmo confessar uma outra coisa: se ela própria se compara a Jackye, eu costumo, para mim mesmo, ir mais além, e dizer que ela será… a minha… a minha… Grace Kelly… Quantas e quantas vezes, durante estes dois anos em que, no aconchego do lar, preparámos, minuciosamente, a minha candidatura, quantas vezes eu não me aproximei dela, e a beijei, por detrás da orelha, murmurando,” Maria, eu serei o teu Rainier, mas tu também serás a minha Grace…”

K.R.A. -- Acredito piamente em que, depois de 40 anos de casamento, o Professor até possa começar a acreditar nisso tudo, mas tem consciência de que, para o cidadão comum português, o casal Cavaco Silva se presta muito mais à caricatura, à sátira e à maledicência do que ao respeito e à veneração?... Com certeza, já lhe devem ter chegado essas infinitas histórias, que, em forma de anedota, circulam por toda a parte... As histórias das mantas desviadas nos aviões…, a história da ida a Nova Iorque e da pressa em se “safarem” de um “cocktail”, organizado em vossa honra, porque a drª. Maria queria aproveitar 2 bilhetes que tinha recebido, para ir assistir, de graça, a um espectáculo na Broadway…, do convite da Rainha, em Buckingham, para um jantar, e da preocupação imediata da drª. Maria, quando chegou, em ir ajeitar umas pregas na toalha…, das histórias das malas, da Católica, que a Drª. Maria insistia em fazer variar todas as semanas...

C.S. -- ... as malas, sim, é verdade, dessa lembro-me eu bem…, mas repare que nessa altura eu ainda não era primeiro ministro, e que, já que a sua roupa era ela que a fazia toda, por suas próprias mãos…, aliás, deixe-me que lhe diga, umas verdadeiras mãos de ouro, umas mãos de fada, como os Portugueses poderão publicamente comprovar, quando, como espero, for eleito, dizia eu, tudo o que tínhamos investíamos nas malas dela, que, de facto, e na maioria dos casos, até nem eram de imitação...

K.R.A. -- … sim, professor, mas as pessoas também se lembram da Drª. Maria a chegar diariamente, à Católica, ao volante de um Morris mini, e que, no próprio dia da sua eleição, em 1985, como Primeiro Ministro, ela se apresentou nos portões da Universidade, no mesmo Mini, mas sentada no banco de trás, já com um motorista a frente…

C.S. – (risos) … é verdade…, coisas de mulher…, e até lhe digo mais: como, nessa altura, ainda não tínhamos às ordens os “chauffers” do Estado, ela pediu ao meu sogro, o pai dela, que desempenhasse transitoriamente essas funções. Uma mulher expedita, e bem inteligente, como pode ver por essa pequena história do nosso currículo público e familiar.

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